Esperando Godot

Ao final do espetáculo, ficamos todos esperando Godot...
A vida é uma espera constante. Como se todos os nossos projetos fossem gestações, é preciso tempo para amadurecê-los. É preciso tempo para que eles ocorram - ou sejam descartados.
Isso não significa, em absoluto, que a espera seja a inércia. Mesmo Estragon e Vladimir, que esperam Godot, não esperam simplesmente: o estado de espera tem diversas nuances mas, ao final, mostram a inércia da espera.
Podemos esperar inertes ou fazermos por alcançar algo e, então, esperar "as glórias".
Na média, em minha vida, tenho optado pela segunda alternativa. O que eu quero e como alcançar o que eu quero? Ouvi esses dias que, em minha vida afetiva, estive sempre na espera. Discordo. Talvez por timidez não tenha sido incisiva em muitos momentos, mas sempre estava lá: mostrando-me, como que a dizer: hei, existo e te quero. Algo assim: parecendo ser conquistada quando talvez eu conquistasse. Em alguns momentos fui bem incisiva, naqueles do tudo ou nada - parte deles ganhei, parte deles assustei. Mas não vejo que tenha ficado deitada em berço esplêndido. Não é a minha característica...
E, no caso da vida profissional, nesta, geralmente, fui um trator. E depois apenas esperei os resultados, colhendo os frutos.
Talvez pudesse em todos os aspectos de minha vida ser do mesmo modo. Mas...
O fato é que "Esperando Godot" caiu em mim nos últimos tempos. E fui ao teatro na certeza do significado da peça, da espera infrutífera. Me surpreendi com o final da peça, mas segui refletindo sobre o estado de espera.
Sinto-me em compasso de espera. Não inerte, mas na expectativa. Em todos os sentidos: pessoal e profissional. O que tinha de fazer eu fiz, agora resta-me esperar. De um lado, eu sei o que vem e tudo é apenas uma questão de tempo (pouco tempo, diga-se). De outro, não sei. Por vezes, é como se fosse a espera infrutífera de Godot - pelo menos é o que a intuição teima em me lembrar. De um lado, o filho nasce em pouquíssimos meses, do jeitinho que eu quis; de outro, pode ser abortado, sem eu querer. E uma espera pode influenciar outra. 
Quisera eu que os dois filhos tivessem a minha cara, coroando as expectativas para 2013

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